quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Vantagens do Brasil que favorecem nosso mercado imobiliário

Vantagens do Brasil que favorecem nosso mercado imobiliário

Basilio Jafet *

Hoje, muito se fala dos Brics, os maiores mercados em desenvolvimento no mundo. Neste período pós-crise, Brasil, Rússia, Índia e China são as vedetes dos gigantescos fundos de investimentos que movimentam seus recursos sem fronteiras. Mas quais as razões objetivas que levam os analistas a recomendarem percentuais maiores de investimentos em nosso país? Vejamos.

A Rússia apresentou taxas de crescimento altíssimas por uma década. Agora estagnou. As regras no país não são claras, a insegurança jurídica é um fato e nem sempre os processos são isentos. Clãs locais ainda possuem grande poder, a burocracia reina indiferente às necessidades do país e a interferência estatal nos desígnios econômicos é um fato. Os genes da democracia não estão ainda impressos no DNA do povo russo. Esta realidade, aliada à perda do poder aquisitivo da população, desestimula o arisco capital externo.

A populosa Índia apresenta ainda hoje um mercado com baixo poder aquisitivo. A opção estratégica pelo desenvolvimento tecnológico, em detrimento à educação, produziu guetos de prosperidade em meio a um país miserável. A religião hindu não estimula o trabalho em busca do sucesso pessoal, e o sistema de castas ainda vige informalmente. Talvez até em função da colonização inglesa, que cessou há pouco mais de meio século, existe certo preconceito contra estrangeiros. Com tudo isso, há ressalvas ao investimento estrangeiro.

A China é aparentemente a “menina dos olhos” dos grandes grupos investidores. É necessário considerar, no entanto, que o regime ainda é totalitário, que a segurança jurídica é precária – vide os executivos presos da empresa Rio Tinto – e que existem restrições aos direitos de propriedade. As mudanças de regras não são facilmente contestáveis. Em função destes riscos, ainda há o temor de investir recursos maciços no país. Lembremos ainda que o percentual de pobreza na China é superior a dois terços da população.

Enquanto isso, o Brasil representa uma cultura de tradição europeia ocidental, mais facilmente identificada com os valores do mundo desenvolvido, mais facilmente compreendida por norte-americanos, europeus e asiáticos. Nossa jovem democracia está consolidada. As discussões processam-se no campo das ideias. As instituições são estáveis, a segurança jurídica, embora imperfeita, ainda é superior à dos outros integrantes dos Brics. Não há quase restrições legais ao investimento estrangeiro, que praticamente se equipara ao nacional. A população brasileira tem poder aquisitivo maior que a chinesa e a indiana. Também ajuda o fato de termos poucos riscos de catástrofes naturais, como terremotos, furacões e tsunamis.

Como mais de 400 das 500 maiores empresas do mundo relacionadas pela revista Fortune já estão aqui, o ambiente de negócios é conhecido. Somos um dos poucos países do mundo com independência energética, com a vantagem de nossa matriz ser em grande parte composta por recursos renováveis. Na qualidade de celeiro agrícola do planeta, e como detentor de imenso estoque de commodities minerais, aumenta a importância estratégica de nosso país, em um século onde estes itens terão importância vital. Para completar, somos investment grade e temos reservas importantes em moedas conversíveis.

Com tudo isso, não é à toa que os investidores à procura de oportunidades se encaminhem para terras pátrias, o que é muito bom para nossa economia e, por conseguinte, para o mercado imobiliário brasileiro.

Resta, no entanto, garantir que não desestimulemos esta enorme oportunidade de inserção no mercado mundial por meio da sensação de aumento de insegurança jurídica. Eis os pontos que, doravante, precisam ser observados com o necessário rigor: uso abusivo de chicanas legais; autuações, liminares e embargos concedidos com muita facilidade, e que atrasam os necessários investimentos tanto em infraestrutura quanto no mercado imobiliário, na indústria e nos negócios; além da morosidade que tanto caracteriza o nosso Judiciário.

Esperemos que desta vez o processo de crescimento do País seja contínuo, e que a concorrência com países em desenvolvimento cada vez mais bem preparados não seja perdida em função do fogo amigo que tanto já nos custou. Aguardemos que os responsáveis pela gestão do Brasil e de suas instituições tenham sempre em mente que apenas a união de propósitos e a aplicação pragmática e responsável de energia no progresso da nação poderão nos manter no caminho virtuoso do desenvolvimento contínuo e sustentável.

Um comentário:

Vitor Araujo disse...

Rede de Agências Imobiliárias, com mais de 900 unidades na Europa.

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